A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos

1987

Título Original:

A Nightmare on Elm Street 3: Dream Warriors

Sinopse

Duração:

1h 36m
Um psiquiatra familiarizado com o demônio dos sonhos Freddy Krueger ajuda os adolescentes em um hospital psiquiátrico a combater o assassino que está invadindo seus sonhos.

68%

49%

6,7/10

Gênero:
Nacionalidade:
Distribuidora:
Lançamento:

Patricia Arquette

Kristen Parker

Heather Langenkamp

Nancy Thompson

Robert Englund

Freddy Krueger

Craig Wasson

Neil Gordon

Ken Sagoes

Kincaid

John Saxon

Lt. Donald Thompson

Priscilla Pointer

Dr. Elizabeth Simms

Brooke Bundy

Elaine Parker

Resenha

Você quer ouvir uma história de terror?

O filme possui uma premissa bem clichê, jovens em busca de diversão vão parar numa mansão sinistra, que eles não levam fé que é assombrada, depois as coisas começam a se complicar e o terror ocorre. O longa possui diversos clichês, é o típico filme de terror infanto-juvenil, temos o valentão, a patricinha e o galã misterioso, o clichê em si não é o problema, o erro está quando não acrescenta em nada na trama, só está ali por falta de criatividade do roteiro.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro não é tão assustador, e isso já podemos prever quando notamos a classificação de 14 anos, embora tenha a clara intenção de alcançar mais público, ao diminuir a classificação, o filme consegue criar uma atmosfera de aventura e terror. Se fossemos usar referências modernas, poderíamos comparar com IT: A Coisa (embora pareça mais com o original de 1990) e Stranger Things, onde temos adolescentes desajustados, numa cidade pequena, com uma trama ambientada no século XX, sendo perseguidos por criaturas assustadoras. A diferença se encontra em utilizar como pano de fundo, a pouca explorada, década de 1960 ao invés da década de 1980. Embora a década em si não faça tanta diferença para a história, a ambientação e o figurino ficou boa, utilizando algumas referências como por exemplo o cinema drive in, a eleição de Richard Nixon e a Guerra do Vietnã.

O roteiro até tentar criar empatia pelos adolescentes, utilizando a fórmula que deu certo com IT e Strange Things, mas os diálogos pouco aprofundados e a falta de carisma dificultam a criação do vínculo com a turma. O elenco é pouco conhecido, e no geral está bem, mas é bem estereotipado. Stella (Zoe Colleti) é a garota solitária que ama livros, Auggie (Gabriel Rush) é o cético e Chuck (Austin Zajur) é o alívio cômico, Ruth (Natalie Ganzhorn), é a irmã mais velha de Chuck e seu papel não vai além de ser irmã de Chuck, Ramón Morales (Michael Garza) é o forasteiro misterioso caladão e Tommy (Austin Abrams), o valentão e sua função se restringe a atormentar os protagonistas. Stella e Ramón são os verdadeiros protagonistas do filme, mas o casal não possui química, e arrisco dizer que a culpa é do jovem, ele é muito inexpressivo e não convence no papel.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro é baseado na trilogia (posteriormente tornou-se livro único) homônima criada pelo, já falecido, Alvin Schwartz. Embora o livro seja quase um clássico infanto-juvenil nos Estados Unidos, aqui no Brasil o livro é pouco conhecido, entretanto aqueles que cresceram assistindo Contos da Cripta, Clube do Terror, a Hora do Arrepio ou Goosebumps poderá ter a nostalgia com esse filme.

Dirigido por André Øvredal (A Autópsia de Jane Doe), faz um ótimo desenvolvimento da narrativa, correlacionando a época com a história, e busca estender o suspense mesmo numa produção infanto-juvenil. Øvredal mostra que tem potencial para o terror, fez um excelente trabalho com A Autópsia de Jane Doe (2016) e acerta novamente nesta produção, mesmo que comenta alguns deslizes. Também temos que elogiar o roteiro, que consegue ser bem fiel a obra literária. Escrito pelos irmãos Dan e Kevin Hageman, que possuem histórico em animações como Hotel Transilvânia (2012) e Uma Aventura Lego (2014), o filme utiliza um recurso bem inteligente para contar a história, como se fossem “curtas” independentes, com cada um contando um novo capítulo assustador. Vale destacar o design das criaturas, que estão muito bem e lembra bastante a arte de Stephen Gammell, ilustrador do livro original, (quem tiver curiosidade é só pesquisar a semelhança). As criaturas ficaram eficientes na mistura do CGI com maquiagem.

Na produção temos o famoso Guillermo del Toro, que despensa apresentações, mas só para constar é responsável pelo melhor filme de 2017 segundo o Oscar (A Forma da Água). Embora Del Toro esteja só na produção podemos perceber sua influência, principalmente ao relacionar a narrativa com questões históricas e críticas sociais (feito comum nas obras de Del Toro), a produção parece ter utilizado o mesmo recurso. A trama tenta abordar temas como bullying, sexismo, abandono parental, xenofobia, abuso familiar e poderia até ser bom, mas o enredo não desenvolve as próprias propostas, então por quê colocar? Parece só oportunismo, expondo problemas sociais de qualquer jeito só para constar na obra.
Acredito que a história pudesse ser melhor se fosse uma série, pois teriam mais tempo para desenvolver os personagens e os contos, mas de qualquer forma o filme deve ter uma continuação uma vez que o final abre possibilidade para tal feito.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro mostra que é possível fazer terror de forma mais leve e descontraída, que o gênero não precisa se reduzir a poças de sangue e violência gráfica, muitas vezes o terror só precisa ser uma história narrando eventos estranhos, como pais contando para seus filhos lendas e fábulas de outros tempos.

O filme funciona bem para aqueles que buscam algo mais leve, é altamente recomendável para quem está começando a se aventurar no terror ou para aqueles que tem muito medo e querem assistir um terror tranquilo. Aqueles que buscam algo mais assustador podem se decepcionar.
Mesmo que a data esteja longe não poderia deixar de citar que é uma boa pedida para o halloween. É verdade que possui alguns erros e diversos clichês, mas pode fazer a alegria dos mais saudosos de contos de terror.

Ver Mais