30 Dias de Noite

2007

Título Original:

30 Days of Night

Sinopse

Duração:

1h45min
Na isolada cidade de Barrow, no Alasca, o Sol se põe por um mês inteiro a cada inverno, mergulhando o lugar em uma escuridão contínua. Quando o período anual de 30 dias de noite começa, a cidade é invadida por um grupo de seres sedentos por sangue, que aproveitam a ausência de luz para caçar impiedosamente. Sem comunicação com o mundo exterior e com poucos recursos, os moradores — liderados pelo xerife Eben Oleson (Josh Hartnett) e sua ex-esposa Stella (Melissa George) — precisam se esconder e encontrar uma forma de sobreviver até o retorno do sol.

Baseado na HQ 30 Days of Night”.

50%

53%

6,6/10

Gênero:
Nacionalidade:
Distribuidora:
Lançamento:

Josh Hartnett

Eben Oleson

Melissa George

Stella Oleson

Ben Foster

The Stranger

Manu Bennett

Billy Kikta

Resenha

Você quer ouvir uma história de terror?

O filme possui uma premissa bem clichê, jovens em busca de diversão vão parar numa mansão sinistra, que eles não levam fé que é assombrada, depois as coisas começam a se complicar e o terror ocorre. O longa possui diversos clichês, é o típico filme de terror infanto-juvenil, temos o valentão, a patricinha e o galã misterioso, o clichê em si não é o problema, o erro está quando não acrescenta em nada na trama, só está ali por falta de criatividade do roteiro.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro não é tão assustador, e isso já podemos prever quando notamos a classificação de 14 anos, embora tenha a clara intenção de alcançar mais público, ao diminuir a classificação, o filme consegue criar uma atmosfera de aventura e terror. Se fossemos usar referências modernas, poderíamos comparar com IT: A Coisa (embora pareça mais com o original de 1990) e Stranger Things, onde temos adolescentes desajustados, numa cidade pequena, com uma trama ambientada no século XX, sendo perseguidos por criaturas assustadoras. A diferença se encontra em utilizar como pano de fundo, a pouca explorada, década de 1960 ao invés da década de 1980. Embora a década em si não faça tanta diferença para a história, a ambientação e o figurino ficou boa, utilizando algumas referências como por exemplo o cinema drive in, a eleição de Richard Nixon e a Guerra do Vietnã.

O roteiro até tentar criar empatia pelos adolescentes, utilizando a fórmula que deu certo com IT e Strange Things, mas os diálogos pouco aprofundados e a falta de carisma dificultam a criação do vínculo com a turma. O elenco é pouco conhecido, e no geral está bem, mas é bem estereotipado. Stella (Zoe Colleti) é a garota solitária que ama livros, Auggie (Gabriel Rush) é o cético e Chuck (Austin Zajur) é o alívio cômico, Ruth (Natalie Ganzhorn), é a irmã mais velha de Chuck e seu papel não vai além de ser irmã de Chuck, Ramón Morales (Michael Garza) é o forasteiro misterioso caladão e Tommy (Austin Abrams), o valentão e sua função se restringe a atormentar os protagonistas. Stella e Ramón são os verdadeiros protagonistas do filme, mas o casal não possui química, e arrisco dizer que a culpa é do jovem, ele é muito inexpressivo e não convence no papel.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro é baseado na trilogia (posteriormente tornou-se livro único) homônima criada pelo, já falecido, Alvin Schwartz. Embora o livro seja quase um clássico infanto-juvenil nos Estados Unidos, aqui no Brasil o livro é pouco conhecido, entretanto aqueles que cresceram assistindo Contos da Cripta, Clube do Terror, a Hora do Arrepio ou Goosebumps poderá ter a nostalgia com esse filme.

Dirigido por André Øvredal (A Autópsia de Jane Doe), faz um ótimo desenvolvimento da narrativa, correlacionando a época com a história, e busca estender o suspense mesmo numa produção infanto-juvenil. Øvredal mostra que tem potencial para o terror, fez um excelente trabalho com A Autópsia de Jane Doe (2016) e acerta novamente nesta produção, mesmo que comenta alguns deslizes. Também temos que elogiar o roteiro, que consegue ser bem fiel a obra literária. Escrito pelos irmãos Dan e Kevin Hageman, que possuem histórico em animações como Hotel Transilvânia (2012) e Uma Aventura Lego (2014), o filme utiliza um recurso bem inteligente para contar a história, como se fossem “curtas” independentes, com cada um contando um novo capítulo assustador. Vale destacar o design das criaturas, que estão muito bem e lembra bastante a arte de Stephen Gammell, ilustrador do livro original, (quem tiver curiosidade é só pesquisar a semelhança). As criaturas ficaram eficientes na mistura do CGI com maquiagem.

Na produção temos o famoso Guillermo del Toro, que despensa apresentações, mas só para constar é responsável pelo melhor filme de 2017 segundo o Oscar (A Forma da Água). Embora Del Toro esteja só na produção podemos perceber sua influência, principalmente ao relacionar a narrativa com questões históricas e críticas sociais (feito comum nas obras de Del Toro), a produção parece ter utilizado o mesmo recurso. A trama tenta abordar temas como bullying, sexismo, abandono parental, xenofobia, abuso familiar e poderia até ser bom, mas o enredo não desenvolve as próprias propostas, então por quê colocar? Parece só oportunismo, expondo problemas sociais de qualquer jeito só para constar na obra.
Acredito que a história pudesse ser melhor se fosse uma série, pois teriam mais tempo para desenvolver os personagens e os contos, mas de qualquer forma o filme deve ter uma continuação uma vez que o final abre possibilidade para tal feito.

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro mostra que é possível fazer terror de forma mais leve e descontraída, que o gênero não precisa se reduzir a poças de sangue e violência gráfica, muitas vezes o terror só precisa ser uma história narrando eventos estranhos, como pais contando para seus filhos lendas e fábulas de outros tempos.

O filme funciona bem para aqueles que buscam algo mais leve, é altamente recomendável para quem está começando a se aventurar no terror ou para aqueles que tem muito medo e querem assistir um terror tranquilo. Aqueles que buscam algo mais assustador podem se decepcionar.
Mesmo que a data esteja longe não poderia deixar de citar que é uma boa pedida para o halloween. É verdade que possui alguns erros e diversos clichês, mas pode fazer a alegria dos mais saudosos de contos de terror.

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